A próxima gestão deve reconhecer que a ausência das artes visuais e de eventos culturais tem impactos negativos no exercício da cidadania e que investir em cultura será um legado para esta e as próximas gerações.
É chocante e até espantoso pensar que Ouro Fino já teve à disposição da população, salas de cinema que já exibiram grandes produções de Hollywood. Hoje, esta realidade é só um sonho em puro vácuo na estrutura reformada e vazia do Teatro Municipal da cidade. Mesmo antes da pandemia, o espaço nunca mais foi palco da sétima arte e as peças teatrais só são realidade nos roteiros escritos. Tudo isso nos faz pensar com mais profundidade sobre a falta que a cultura faz, principalmente na parcela jovem da população, que sem opção de lazer e de entretenimento, se refugia naquilo que é mais deprimente: as drogas.
Não estou dizendo que Ouro Fino não evoluiu. Saímos um pouco do estado de “cidade às traças” e melhoramos em infraestrutura, comércio, turismo, embora este último ainda seja bem mais regional que nacional, mas o fato é que melhoramos. Embora estejamos relativamente bem, falta aquilo que é mais essencial para uma sociedade desenvolvida que desfrute plenamente de sua cidadania: a cultura. E não. Não estou falando aqui da velha política do “pão e circo”, mas sim de manifestações culturais que agreguem às pessoas senso crítico, conhecimento, livre pensamento e mais respeito às liberdades individuais.
Sei que posso parecer meio sonhador neste último parágrafo, mas a verdade é que Ouro Fino já foi muito mais do que apenas a terra do menino da porteira e do boi sem coração.
Se atrações culturais como cinema, teatro, feiras literárias, não foram prioridade das últimas gestões, é hora de a nova gestão focar nestas pautas. E não adianta dizer que isso não é necessário. Pessoas que dizem isso, com todo respeito, tem um motivo para dizer: o motivo de ainda não terem desfrutado plenamente desta riqueza, que uma vez desfrutada, a pessoa passa a dar o devido valor.
Sabemos que não é muito do feitio de políticos investir em cultura por razões obvias, mas o povo já não é mais o mesmo e nenhuma gestão será mais objeto de passividade.
Professor Ramon Ribeiro
Redação Bem Estar Ouro Fino
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