Ai deles! - Judas 1:11

Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos pela ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Corá.

Ele cita três exemplos do Antigo Testamento que revelam exatamente o caráter desses homens. Não há nada de novo debaixo do sol, e Judas fala sem rodeios. Esses homens e seus sucessores não têm diante de si senão a desgraça.

O começo desse caminho é “o caminho de Caim”, o caminho da vontade própria nas coisas de Deus. Caim foi o primeiro a andar por ele. Ele queria se aproximar de Deus — o que, por si só, era algo bom —, mas queria fazê-lo do seu próprio jeito, e não conforme o que Deus havia revelado. Ao vestir os primeiros pais com peles de animais, Deus indicava que o acesso a Ele passava pela morte de um animal, e a fé de Abel compreendeu isso. Caim não tinha fé, e era guiado apenas pelos seus próprios pensamentos. Ele escolheu o caminho que lhe parecia justo — por que Deus não se agradaria? — e se lançou nele segundo a sua própria vontade.

Esses homens, portanto, “andaram no caminho de Caim”, e esse caminho ainda é muito popular hoje. Multidões preferem seus próprios pensamentos aos da Palavra de Deus. Eles esperam que Deus aprecie seus esforços para se aproximarem d’Ele. Afinal, reconhecem Deus e desejam oferecer algo a Ele: por que não poderiam se aproximar e adorá-lo do seu próprio jeito? De forma alguma! O fato é que eles andam no caminho de Caim, cuja consequência final é a desgraça.

O segundo passo nesse caminho é “abandonar-se ao erro de Balaão por causa de uma recompensa”. É a busca de interesses próprios nas coisas de Deus. Valoriza-se uma religião que seja fonte de lucro. Balaão era um “adivinho” (cf. Josué 13:22), que retinha o conhecimento de Deus na medida em que isso lhe era proveitoso. Essa era a “loucura” que ele praticava. O erro que ele ensinou — e pelo qual enganou muitos em Israel, levando-os ao julgamento de Deus — foi incentivá-los a participar de um culto impuro e idólatra (Números 25:1-9; 31:16; Apocalipse 2:14). A principal motivação dele, em tudo o que praticou e ensinou, era ganhar dinheiro.

Nossa epístola fala do “caminho de Caim” e do “erro de Balaão”; na segunda epístola de Pedro, fala-se do “caminho de Balaão”. Mas em ambas o pensamento é o mesmo, pois esse homem é apresentado em 2 Pedro como alguém que “amou o prêmio da injustiça”. Seu caminho, então, é descrito como uma “loucura”. Infelizmente, sua loucura teve muitos seguidores desde os dias de Judas até hoje. Os homens corruptos de quem Judas fala haviam “se abandonado ao erro de Balaão”, e essas palavras ainda são aplicáveis hoje.

Balaão e seu ensino perverso aparecem na carta que o Senhor dirige à igreja de Pérgamo (Apocalipse 2:12-17), a assembleia que corresponde profeticamente ao período em que a Igreja se associou ao mundo.

Finalmente, há “a rebelião de Corá”, uma revolta contra Moisés e Arão relatada em detalhes em Números 16.

O pecado de Corá foi querer tomar para si uma posição que Deus não lhe havia dado. Isso o levou a uma destruição imediata. Caim ainda viveu muitos anos depois de seguir seu caminho de vontade própria. Balaão viveu tempo suficiente para causar muitos estragos em Israel, e por um tempo sua busca por lucro pareceu lhe beneficiar. Mas o orgulho e a vontade de se exaltar manifestados por Corá receberam um juízo imediato.

Esse é o terceiro e último estágio da progressão do mal que preenche a cristandade hoje. Exemplos disso abundam. Corá se levantou contra Moisés e Arão; hoje, homens que se dizem cristãos se levantam contra Cristo. Dizem: Jesus Cristo pensava assim e dizia aquilo, mas nós vivemos em uma era mais esclarecida e sabemos mais hoje.

Nós, que amamos o Senhor Jesus, tomemos cuidado para sermos em tudo submissos à Sua vontade. Busquemos a Sua vontade e não a nossa. E, ao invés de nos exaltarmos, lutemos pela preservação dos direitos d’Ele. Assim é que poderemos agradá-Lo.

O versículo 11 nos deu ilustrações do desenvolvimento e do desfecho do mal que conduz à apostasia.

— F. B. Hole