Estudo mostra ao mundo que o Brasil não é vítima apenas da Covid-19, mas também da corrupção, do descaso, da negligência e da cegueira política e ideológica. Que outro resultado poderíamos esperar?
Nesta quinta-feira (28), foi publicado o resultado de um estudo realizado pelo Lowy Institute de Sydney, na Austrália, o qual mediu a pontuação das medidas adotadas pelos governos de 98 países frente a pandemia, analisando sua crise sanitária com base nos seguintes critérios: o número de casos e mortes confirmados, a quantidade de casos e mortes confirmadas por milhão de pessoas, a quantidade de casos confirmados em relação à quantidade de testes feitos e a quantidade de testes por mil pessoas.
Segundo a instituição, para elaborar os rankings, foram feitos cálculos matemáticos entre as nações que disponibilizam informações públicas que podem ser comparadas. A China, por exemplo, ficou de fora do estudo por não informar de maneira precisa a quantidade de testes realizados diariamente na população.
O período examinado partiu das 36 primeiras semanas depois que cada país confirmou seu centésimo caso de Covid-19 em território nacional. “Esses indicadores pontuaram quão bem ou mal os países geriram a pandemia”, diz o documento.
O resultado apontou a Nova Zelândia na liderança, com a melhor pontuação de 94.4 pontos de 100. O país tem cerca de 2,3 mil casos e 25 mortes entre seus cinco milhões de moradores, seguido por Vietnã (90.8) e Taiwan (86.4).
O estudo também destacou a alta pontuação de Islândia. Na lista, é o primeiro colocado da Europa, ocupando a sétima posição, com 80.1 pontos. O destaque na América do Sul foi para o Uruguai (75.8) na 12ª colocação. Já a Itália, a nação mais afetada em números totais na União Europeia, está na 59ª colocação, com 40.4 pontos. O Brasil obteve apenas 4.3 pontos no cálculo dos seis critérios, sendo superado ainda por México (6.5), Colômbia (7.7), Irã (15.9) e Estados Unidos (17.3), todos estes com pontuação baixa.
Apesar da baixíssima nota do Brasil chocar, o resultado não assusta. Desde o início da pandemia, sofremos com uma enorme onda de negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, que adotou comportamentos nada adequados de combate ao vírus. O chefe do Executivo minimizou a pandemia em cadeia nacional, provocou aglomerações em manifestações políticas a seu favor, incentivou o descumprimento das medidas preventivas (uso de máscara, distanciamento social), apostou em medicamentos sem comprovação de eficácia, insistindo em um tratamento precoce inexistente, não buscou negociar com farmacêuticas a compra das vacinas contra a Covid-19, negando o imunizante da Pfizer ainda em outubro de 2020 e inflou disputas políticas contra governadores.
Os governadores e prefeitos, por sua vez, não souberam tomar medidas locais eficientes, não souberam fazer uma comunicação efetiva com a população, e ainda arcaram com denúncias de desvios de verbas da saúde, superfaturamentos em compras de equipamentos e apuração de fraudes e irregularidades em Estados e Municípios, principalmente capitais. Tais denúncias já resultaram em prisões e afastamento de cargos.
O povo, a mercê do descaso, com mais de 200.000 mortos e mais de 8 milhões de casos confirmados, paga a conta da corrupção dos Estados e sofre as consequências da cegueira ideológica do Planalto. Sem gestores eficientes, sem logística, sem um plano concreto de vacinação e sem perspectiva, o estudo mais uma vez reflete, agora para o mundo todo, o tamanho atraso do nosso país.
Pontuação digna da cegueira política e ideológica.
É de se admirar que não tenho sido até menor.
Ramon Ribeiro
Redação Bem Estar Ouro Fino