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Ninguém imaginava que naquela exata data, “1º de janeiro de 2013”, se iniciaria um processo de profundas transformações referentes à cultura, a infraestrutura e principalmente, a identidade ourofinense, que até aquele momento, vivia uma longa crise existencial.
Ouro Fino tinha suas malhas, mas ficava camuflado no circuito perante o destaque de Monte Sião, Jacutinga e Inconfidentes. Ouro Fino possuía uma tradição cafeeira, porém, grande parte dos produtores já não mais dominavam o mercado nacional de café. Ouro Fino sempre foi parte da história de Minas Gerais, contudo, perdia sua posição histórica e o pouco que tinha a oferecer para as cidades de enorme bagagem histórica, como Albertina, Governador Valadares, Tiradentes, Diamantina, São João Del Rei e a ex-capital mineira de enorme relevância, a quase homônima Ouro Preto. Para completar, nossa cidade amargurava uma crise política, financeira e acima de tudo, cultural. Sem horizontes, arruinada pela corrupção e perdendo espaço na região para cidades vizinhas menores no setor turístico, Ouro Fino precisava mudar radicalmente seu perfil. A população via com clareza que a cidade estava totalmente abandonada e deixada às traças. Era uma Ouro Fino que morria amargurada e lentamente.
Ao assumir a prefeitura de 2013 sob a promessa de mudanças, Maurício começou sua primeira gestão com inúmeros cortes, controle rígido de gastos e reformas administrativas que colocassem a casa novamente nos eixos, para assim começar a trabalhar. E quando menos se esperava, a população era surpreendida com um projeto ousado e ambicioso. A construção de um monumento representando o boi assassino que matara o menino da porteira, na história já tão conhecida na música e no cinema, chocou a todos, literalmente. Foi um choque para os cidadãos, para as cidades vizinhas, para a imprensa a nível nacional, e com razão. Neste período, o Brasil não estava nada bem. Crise política e econômica, fragilidade institucional, protestos pelo país. O radicalismo e a polarização começavam a tomar conta de todos os ambientes e neste quadro, as críticas se tornavam cada vez mais afiadas a qualquer governante e à classe política. Mesmo assim, o prefeito prosseguiu com seu projeto.
Boi Sem Coração / Foto: Alexandre do Nascimento Teixeira
A enorme estátua foi finalizada e inaugurada com um grande evento festivo. Com os holofotes da mídia e com o destaque regional que a obra ganhara, logo Ouro Fino começava a atrair turistas não apenas para presenciar a gigantesca estátua do Menino que sequer convidada o visitante a entrar na cidade, “construída pelo ex-prefeito José Américo Buti”, mas para registrar agora a novidade da vez; o antagonista tido como o clímax dramático da famosa música sertaneja.
Começava aqui, o processo de inauguração de uma nova Ouro Fino.
Para dar um destaque ainda maior ao boi, as vias que o cercam foram revitalizadas. Pintura, arborização e reformas foram realizadas para um maior conforto visual ao turista. E nesta empreitada bem-sucedida, inicia-se uma jornada de exploração pelos versos e estrofes de Luiz Raymundo e Teddy Vieira De Azevedo, que se popularizaram na voz de Sérgio Reis.
Com o êxito do boi como atração turística, Maurício dá prosseguimento ao processo que tornaria Ouro Fino a legítima terra do Menino da Porteira. E assim foi feita uma, senão a mais bem sucedida obra de toda a gestão: a Praça do Berrante. Hoje tida como espaço para eventos culturais, convívio social, encontro para os jovens, festas populares, passeios em família e de brincadeiras saudáveis para crianças. O local hoje é referência em beleza, abrigando todo tipo de eventos. Com o enorme berrante ao centro, a menção à música se torna ainda mais forte.
Foto: Observatório de Ouro Fino
Tendo Ouro Fino uma nova identidade cultural e turística, reformas estruturais em seu território foram realizadas, prezando muito a estética, a beleza e a sua arquitetura urbana, mesclando o histórico com o moderno. E assim foi feita a revitalização da Praça da Igreja Matriz, uma estrada arborizada na principal entrada da cidade, uma rodoviária moderna e de fácil acesso, “que no início, enfrentou problemas”, reforma no Teatro Municipal, construção de um novo Centro de Educação, mudanças no Centro Cultural, pavimentação de vias urbanas, ampliação do Recanto dos Lagos, e agora, a construção de um novo atrativo turístico, o bateador.
Revitalização da Praça da Matriz São Francisco de Paula
Construção de 3º e 4º lagos / Foto: TV CULTURA OURO FINO NA WEB
Iluminação no Recanto dos Lagos Bairro Palomos / Foto: Observatório de Ouro Fino
Estátua do Bateador localizada no Recanto dos Lagos como atração turística / Divulgação: Toninho Miguel
Para concluir, a gestão ainda visa entregar a construção do calçadão na Rua Treze de Maio para maior fluxo de pessoas no centro, um novo monumento em menção a música na Praça da Baronesa, uma estátua de Luiz Gonzaga. Com todos os eventos tradicionais como rodeio, festa italiana, festival sertanejo, de volta à agenda, exceto este ano, devido à pandemia, Ouro Fino teve de volta o seu brilho e destaque regional no Estado de Minas Gerais.
O prefeito Maurício pode ter cometido o erro de não ouvir muito abertamente a opinião popular, a imprensa, os críticos e a oposição. Cometeu erros também ao agir precipitadamente em medidas polêmicas ao querer governar sozinho, e mesmo com tais falhas, é tido pela maioria dos ourofinenses como o melhor prefeito dos últimos tempos.
Há fatores que podem explicar este fenômeno. Como foi dito no início deste artigo, Ouro Fino sequer tinha identidade. Agora tem. Ouro Fino sequer tinha destaque regional. Agora tem. Ouro Fino nem mesmo tinha relevância no Estado de Minas. Agora é um nome que consegue se distanciar de seu homônimo Ouro Preto. E Maurício deu o que o povo queria.
O médico não devolveu apenas o brilho a Ouro Fino, mas lhe deu uma segunda chance.
Ouro Fino foi reinaugurado e Doutor Maurício encerra sua gestão com estilo, com confiança e com a certeza de que cumpriu com sua missão. E os ourofinenses se mostram satisfeitos.
A próxima gestão, a ser liderada pelo seu vice Henrique Wolf, deve preservar as conquistas realizadas nestes últimos oito anos, mas de ouvidos bem atentos ao que anseia a população. Se a gestão Maurício fundou uma Ouro Fino solidificada em fatores culturais artísticos, cabe a próxima gestão trabalhar por uma Ouro Fino que valorize agora o fator cultural humano, exaltando jovens talentos, promovendo eventos que destaquem nossa cultura em sentido mais amplo e realizando novas obras que agora visem mais a população, pois o setor turístico já está bem satisfeito. Seguindo este caminho, Ouro Fino tende a prosperar ainda mais, mantendo o seu status regional de cidade em constante desenvolvimento e de gestão eficiente.
Redação: Ramon Ribeiro
Bem Estar Ouro Fino
