Diante da atual e maior crise da história do Brasil, os brasileiros continuam com a ginga de resolver os problemas sambando e de dar um olé em seus próprios problemas financeiros.
Nas principais capitais do país, a crise econômica já conseguiu diminuir gradativamente o número de espectadores nas salas de cinema. O teatro está se destinando apenas à classe A. As lanchonetes e restaurantes estão sendo trocados por refeições em família dentro da própria casa para que não se perca o controle dos orçamentos no fim de semana. Isso nos prova um fato: "O brasileiro é bom nas suas driblagens". O famoso jeitinho brasileiro é um costume exclusivo e próprio da cultura de nossa nação e que tem como função trocar o que é pago pelo que é de graça. Por enquanto o governo não conseguiu cobrar impostos da luz do sol, nem de nosso próprio ar, o que nos deixa à vontade para vivermos neste país maravilhoso chamado Brasil, aliás, caso esse imposto venha a calhar, não é de se duvidar que a gente também consiga driblar.
O cinema, o teatro, os restaurantes e as lanchonetes estão seguindo o mesmo destino: a perca de público. A área do entretenimento no Brasil será mais um meio atingido pela crise e se juntará às indústrias e ao comércio.
Logicamente que os estádios de futebol continuarão cheios, pois o brasileiro pode perder toda a sua renda, menos o jogo do seu time do coração.
O jeitinho brasileiro parece bonito... parece! É exatamente esse costume que nos deixa acomodados diante da crise econômica e que deixa espaço livre para que os impostos aumentem, a corrupção ganhe força e que o dinheiro público seja usado para festas, orgias e investimentos em bancos internacionais.
Mas enquanto isso, a crise não parece nos fazer tanta falta, desde que tenhamos no prato o que comer, uma televisão de tela plana, um carro com som automotivo e moradia. Parece que o brasileiro já escolheu o seu posto de eternamente colonizado, sem ao menos se importar em saber o que é viver em um país de primeiro mundo. Esse país rico e sem pobreza, nomeado pátria educadora, com inclusão social e acesso à cultura, com educação de qualidade para todos e que ofereça oportunidades.
Para o brasileiro, país rico é país ensolarado, com clima agradável, TV a cabo e casa para se proteger da violência do dia-a-dia.
Mesmo o brasileiro tendo chegado ao limite da sobrevivência, a Ceia de Natal vai acontecer "de alguma maneira".
Afinal, se importar com o outro pra quê?
"Desde que não seja eu, tá tudo certo." E bora mandar essa crise passear.
Texto: Ramon Ribeiro dos Santos