OURO FINO SE DESPEDE DE MAIS UM CICLO DE GESTÃO (SEM EMPREGO)

O ano era 2012 quando Ouro Fino amargurava a maior crise política e institucional de sua história. Num período em que houve graves casos de desvios de verba pública da Prefeitura e loteamento de funcionários não qualificados, nossa cidade também perdia o ritmo de crescimento de cidades vizinhas como Bueno Brandão, Borda da Mata, Inconfidentes, Jacutinga e Monte Sião.

A perda de credibilidade do governo na época colocou as pessoas nas ruas e o resultado acabou sendo a cassação do mandato do ex-prefeito. Quando houve o afastamento, o ano já era 2013, ano de eleições e os candidatos agora precisavam apresentar confiança e a imagem obrigatória de uma gestão limpa e séria. Em meio a crise, Maurício Lemes de Carvalho foi eleito prometendo trazer de volta a Ouro Fino o brilho que havia perdido há anos e que para muitos, já parecia coisa do passado.

O primeiro ano de gestão serviu para arrumar a casa e já no segundo, as promessas já começavam a acontecer. Festas populares como o carnaval, festival sertanejo, festa junina, festa italiana e rodeio voltaram ao calendário e novos eventos, como o Festival Gastronômico receberam aprovação do público.

Na segunda gestão, inovações aconteceram, como os desfiles de 7 de setembro e o carnaval sendo realizados na arena do rodeio, o que dividiu opiniões; e pra completar, investimentos na segurança pública, expandindo o policiamento e o combate à criminalidade.

Mesmo com todas estas mudanças, o que marcou mesmo a gestão Maurício foram os monumentos. O Boi Sem Coração virou manchete nacional e colecionou críticas, devido a crise econômica no governo Dilma Rousseff, mas logo a obra ganhou o centro das atenções dos turistas e mais tarde, a Praça do Berrante foi inaugurada, tornando-se um dos mais reconhecidos projetos de toda a gestão. O governo pretende se encerrar ainda entregando um recanto dos lagos ampliado com uma enorme estátua do batedor e um calçadão na rua 13 de maio, que também divide opiniões, e ainda com estátua de Luiz Gonzaga.

Mesmo com todas as mudanças relativamente positivas, pois é impossível agradar a todos, Ouro Fino continua sendo um município travado a um problema já histórico e fisiológico, o desemprego.

Jovens continuam se deslocando para outras cidades em busca de trabalho e muitos que conseguem uma ocupação por aqui, acabam trabalhando na informalidade, sem carteira assinada.

Infelizmente, o quadro é estrutural. Primeiro, por que os lojistas que detém a mão de obra da cidade e que são responsáveis em grande parte pelo mercado ourofinense, não conseguem atender a toda a demanda da cidade. Segundo, porque Ouro Fino continua culturalmente travado a um sistema de oligarquias, que foge de investimentos de risco e que teme a concorrência de empresas maiores, que por sua vez, migram para Pouso Alegre. Pra completar, nossa cidade adquiriu a fama de “cidade dos aposentados”, o que é extremamente deprimente para a parcela jovem da cidade, pois desperta um quadro de exclusão social, em que uma classe é submetida a outra. Este não é um quadro em que há culpados ou inocentes. De uma forma ou de outra, todos temos nossa parcela de culpa neste fenômeno fisiológico. O problema é de longa data e não culpar esta ou aquela gestão por sua existência é um ato equivocado.

Apesar de o problema ser de todos, os que mais sofrem com isso são com certeza os jovens, que no anseio de trabalharem e crescerem financeiramente de forma a conquistar sua independência e adquirir autonomia para viver de forma competente a vida adulta, acabam se frustrando por estarem diante de um mercado tão limitado e que poderia crescer e ser muito mais promissor. 

Ouro Fino agora se prepara para entrar em uma nova gestão e o maior desafio daquele que for eleito é quebrar este ciclo vicioso que trava a juventude e o desenvolvimento da cidade.

Boa sorte aos candidatos e boa sorte em dobro para quem for eleito, pois vai precisar.  

Redação: Ramon Ribeiro