Pepe Le Pew cancelado! A maldade não está no desenho, está nas pessoas.

Confesso que nunca gostei muito do Pepé Le Pew. E pra falar bem a verdade, sempre o considerei um personagem descartável da Franquia Looney Tunes. No primeiro filme do Space Jam, aparece como um simples figurante, assim como o Wile E. Coyote e o Tazmania.

Mesmo tendo assistindo poucos episódios aleatórios do gambá loucamente apaixonado e e exageradamente romântico, eu nunca enxerguei suas peças como uma apologia ao assédio, mas sim como uma obra de comédia romântica, que assim como toda boa comédia, apela para a hipérbole de situações cotidianas de forma cômica com o objetivo de provocar o riso diante através do ilógico. E me espanta saber que tantas pessoas enxergaram o contrário.

Como alguém pode ver maldade num desenho? As características do Pepé Le Pew podem ser definidas como "romantismo idealizado", o qual se idealiza a mulher amada e que é tida como um ser perfeito e inatingível. É claro que o desenho não é uma obra do romantismo, mas as referências podem ser notadas.

O humor do desenho é expresso no romantismo exacerbado do personagem, que de nacionalidade francesa (vejam só), é tido como um dos personagens mais peculiares do mundo dos desenhos e que causa muito menos lesões que o Pica-Pau (malandro e sem caráter), o Tom e Jerry (que arrumam brigas violentas) e Dick Vigarista (que nunca cansa de trapacear).

 

Se a praga do politicamente correto continuar avançando, logo será cancelado outros personagens marcantes da Warner como o Hotelino, que incentiva a caça por perseguir o Pernalonga e o bullying por falar errado sempre utilizando a letra L (cuidado Cebolinha), o Gaguinho por ser considerado um escárnio a pessoas que sofrem de gagueira e se descuidar, até o Patolino, por sua constante inferioridade ao Pernalonga, incentivando a rivalidade, a inveja e quem sabe, até o preconceito.

E assim o mundo caminha a passos largos para a negação da criatividade, das ideias e da arte como representação da realidade. Pois é esta a função da arte. Retratar a realidade do mundo de diversas formas que permitam com que a vida fique mais leve. E através dos diversos gêneros presentes em obras audiovisuais, nos permitir um olhar mais amplo de tudo o que nos rodeia. E pra cada situação, há um gênero específico. O drama, o romance, o terror, a aventura, o fantástico. Tudo está aí para ser desfrutado e precisa ser preservado, em nome da pouca liberdade que ainda resta.  

Coluna: Ramon Ribeiro