Apesar de o filme já bater um recorde de bilheteria, muita gente vai ficar só na vontade, tendo acesso apenas ao comercial publicitário da Record.
O cinema brasileiro evoluiu, e isso é muito bom! Depois de décadas e mais décadas sendo imobilizado pelas produções norte-americanas, o Brasil com muito esforço, consegue finalmente despertar a sua paixão pelos seus próprios filmes. Já temos um pronto para disputar o Oscar este ano e para aumentar a expectativa, presenciaremos esta semana e eleita maior estreia do cinema nacional. Trata-se da produção de altíssimo orçamento da Rede Record, inspirada em sua primeira novela bíblica de maior audiência da televisão aberta: "Os Dez Mandamentos - O Filme".
Nem é tão necessário reportagens e estatísticas de sites de cinema para notar que o filme já é um sucesso antes mesmo de sua estreia nas salas de todo o Brasil. E quem prova tudo isso é o próprio público, sendo que não se precisa ir tão longe para se ouvir em ambientes de interação social, os comentários eufóricos e contagiantes sobre a estreia desta super produção.
A verdade é o que o filme veio para causar, para se tornar o centro das atenções, para fazer sucesso e está cumprindo tudo isso.
A influência de "Os Dez Mandamentos" é forte.
Em um país tipicamente cristão, é evidente que uma produção cinematográfica inspirada nas escrituras da Bíblia faça tanto sucesso e ainda chegue trazendo a adaptação brasileira de um dos maiores heróis do Livro Sagrado, Moisés, interpretado por Guilherme Winter, um ator notavelmente apto para galã de tele-dramaturgias.
Sim! Devemos admitir que o filme é digno de respeito e de muitos aplausos. Provido de um elenco altamente renomado e profissional, o filme mostra que os atores e atrizes realmente se comprometem a fazer um trabalho sério e bem feito. Podemos destacar com toda certeza a interpretação de Sérgio Marone como Ramsés, Camila Rodrigues como Nefertari, Larissa Maciel como Miriã e Petrônio Contijo como Arão. Enfim, toda a equipe e todos os atores estão de parabéns!
É um reconhecimento digno de Oscar para todos!
Mas infelizmente, não é todo mundo que vai assistir ao filme no cinema.
O Brasil ainda conta com um número muito pequeno de salas de cinema em todo o país, o que não atende à demanda de toda a população.
Enquanto mais de 90% das salas de cinema se concentram nas grandes capitais, temos menos de 10% de cinemas em atividade nas cidades do interior.
Poucas pessoas que moram nesse interior podem se deslocar a outra cidade que tenha cinema para pagar um ingresso e isso corresponde a uma situação triste e agravante de acesso à cultura no país.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), somente 14% dos brasileiros vão ao cinema uma vez por mês. Ou seja, 85% dos brasileiros não vão assistir ao filme "Os Dez Mandamentos".
É esta mesma turma que não assistiu "Jurassic World", "Guardiões da Galáxia", "Homem-Formiga", "Mad-Max - A Estrada da Fúria" e o atual "Star Wars - O Despertar da Força", todas citadas estreias de peso no mercado do cinema brasileiro e mundial.
Por mais que se tente desmerecer este mercado, o cinema é Sim Cultura e é um meio de entretenimento e lazer importante para a qualidade de vida das pessoas. Quem desmerece a arte e a magia do cinema, ou por quê é muito cego ou por que é muito ignorante.
O cinema desperta nosso senso-crítico, nossa imaginação, nosso bem-estar e nos proporciona mais inteligência e tolerância ao termos acesso com novas culturas, histórias e personagens.
Não é à toa que está entre as indústrias que mais lucram no mundo e que é um dos principais setores que mantêm a hegemonia e a liderança mundial dos Estados Unidos na era moderna.
Todo mundo ama o cinema e aquele que diz o contrário, mente!
Cidade que não tem cinema é como uma casa sem janela. Não enxerga o horizonte e não dá oportunidades para ninguém.
Nem mesmo a oportunidade de sonhar.
Se o Brasil quer mesmo investir neste lucrativo mercado, precisa primeiro pensar no seu povo, para depois pensar em suas produções!
Mesmo assim, parabéns à equipe da Rede Record pelo excelente trabalho, mas Ouro Fino mais uma vez, junto a tantas outras cidades, ficará a ver navios.