Sou de uma geração que esperava até o Natal para ganhar um presente! E sempre na expectativa (e insegurança) que só ganharia se me comportasse bem...
Com as mudanças do cenário econômico em meados da década de 90 aquele brinquedo caro, ficou barato. E hoje, talvez pela facilidade econômica, as crianças se acostumaram a ganham presentes a toda hora!
Aliás... não foram apenas as crianças que aproveitaram a benesse! Aquele carro que precisava juntar bastante dinheiro pode enfim ser financiado a taxas de juros possíveis e adquiridos em parcelas.
E assim não fomos mais educados a esperar por nada. Somos a geração que não se contenta com nada e pode tudo.
Vivemos os tempos áureos do entretenimento e do consumo. Nunca tivemos tanto!
Aliás nossos pais acharam que quando conquistássemos tudo, seríamos felizes.
Mas descobrimos que nunca conquistamos tudo! Porque sempre podemos mais. E isto é ótimo! Mas...
Somos também a geração que mais consome remédios psiquiátricos (antidepressivos, ansiolíticos e remédios pra emagrecimento)
Coincidência? Não! Somos infelizes mesmo!
A felicidade? Esvaiu-se...
Porque felicidades é exatamente o contentamento: é estar satisfeito com o que tem. É curtir cada simples delícia! É ter expectativa de conquistar algo depois de uma jornada de esforço.
E o que estamos fazendo com as nossas mentes? Criamos um nova, pobre e infeliz mentalidade:
O receber sem merecer,
O sentimento de direito sem cumprir deveres.
O ganhar um monte de coisa sem motivos.
O passeio sem ter cumprido as obrigações.
O presentear a criança por ter feito algo que ela teria obrigação.
Então se você quiser me fazer um favor. Não de presente pra minha filha!
Se você quiser fazer ela feliz, dê uma roupa, uma meia e uma calcinha, um sabonete, um pacote de cenouras porque assim ela vai saber que subsistência vem de Deus (e olhe lá) mas presente e regalias ela vai ganhar se ela merecer!
Aliás, se ela se comportar, eu vou dar uma bola pra ela. Porque sou carrasca?! Não!
Porque eu sei que quanto mais presentes ela ganha mais ela se torna uma forte candidata a tomar antidepressivo no futuro.
As crianças não precisam de celular. Elas precisam se socializar. Brincar, ralar o joelho. Brigar e fazer as pazes. Perdoar! Chorarem, se decepcionarem e aprenderem a se consolar!

Aprenderem a aceitar e serem aceitos. Lutarem por seus direitos e cumprirem seus deveres! É saber se defender sem agredir.
É saber lidar com a rejeição!
Isso é ter maturidade emocional. Isto é ser forte.
Porque a vida não vai facilitar. Não vai amolecer pra se moldar a nossa vontade. Nós é que precisamos a aprender a viver de novo!
Parem tudo! Precisamos rever nossos conceitos!

Betânia Machado
Especialista em Comportamento Humano e Inteligência Emocional